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A CENA

Ah! A cena?
Que pena, era obscena!
Afinal, com corpus nus e olhares de refletidos azuis de fome se dilaceram.
Mas, quem acena?
O moço que passa e ver a cena?
Ou quem contracena, naquela cena?
Naquela relva que de longe vê
Enquanto se afasta e com a distância parece que tudo se apequena!
De repente, entra mais alguém na cena
Olhos distantes onde a nudez se armazena
E vem um frio encanado, parece que desviado para aquela cena
E, quanto algodão lá no roçado!
Que poderia ser utilizado para aplacar aquela cena
Mas, sem ser meu legado, passo ao lado.
E deixo lá o homem fatigado, deitado, drogado, abandonado, vulneralizado
E eu?
Eu não estou na cena
Eu não aceno
Eu não contraceno
Eu me abstenho
Eu não me atenho
Eu não me redesenho para mudar a cena
Passo calado e deixo tudo de lado.

(Flávio Costa. Março/2023)